segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Não podemos perder o trem da história

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL – PORQUE VOTO EM DILMA
uma exposição factual, dialética, não tendenciosa e independente

O trem da história - meu carro ou meu gato?

Um único – e suficiente - motivo


Motivo: A eleição de José Serra representaria um enorme retrocesso político, econômico e PRINCIPALMENTE cultural. Enfim, um desvio de rota fatal. Por que? Porque o candidato está irremediavelmente compromissado com o projeto político conservador, que no Brasil tem causado danos imensos a cultura e a autoafirmação do país. Sua candidatura não existiria sem o apoio das forças sociais mais retrógadas, representadas em grande parte pelo partido DEM – historicamente o grande herdeiro do conservadorismo político, que remonta aos tempos do escravagismo e das capitanias hereditárias (no qual estão fundamentados os alicérceres desta mentalidade). Pior, no contexto do urgente problema ambiental mundial, que exige desverticalizar a economia e o pensamento, Serra significa caminhar para trás. Este “caminhar para trás” pode ser FATAL para o Brasil e para o mundo.

Contra-argumento: Se a simples associação direta ou indireta com o partido DEM já seria suficiente para desqualificar qualquer candidatura, que dizer então das coligações PT-DEM que se verificaram em alguns lugares como São Bernardo-SP e Mato Grosso do Sul? Que dizer das alianças de ocasião com ex-adversários como Collor, Sarney, etc, evidentemente para criar palanques pelo Brasil afora para a Dilma? A ida ao segundo turno, contrariando as pesquisas, não confirmam uma repulsa de um segmento do eleitorado a estas manobras?

Síntese:  Pragmatismo, fisiologismo político, falta de base ideológica dos partidos são os componentes do meioambiente político do país. Quando Lula foi eleito, propôs uma composição responsável. Como resposta o PSDB e o DEM elegeram Severino como presidente da Câmara – um atestado de irresponsabilidade política. É triste a guerra inescrupulosa, pragmática, sem princípios, mas o início desta guerra e suas armas foram escolhidas pelos agressores, que desconhecem outros métodos de se fazer política.

Pior: Serra e os partidos da oposição passaram 8 anos sem apresentar propostas ou projetos sérios para o país. Se acomodaram em ficar encastelados em São Paulo, sede do capitalismo predatório e da imprensa reacionária. Mantém-se no poder naquele estado através da velha política de coligações fisiológicas que ali reina. Cada voto em São Paulo foi calculado em 230 reais. O PSDB está cada vez mais compromissado com o passado de centralização econômica e política que atravancou o progresso do país por séculos. Ex-partido de centro-esquerda, agora, com o esvaziamento do DEM, é o legítimo representante do conservadorismo.
Necessitamos de mudanças amplas, radicais. 
Dilma, sem ser uma candidata perfeita por um partido perfeito (inexistentes no cenário político nacional ou mundial), está mais vinculada as mudanças que necessitamos. O fato de ser mulher, símbolo poderoso destas mudanças, é menos importante, mesmo simbolicamente, do que o fato de ela ser a MAIS JOVEM entre os 4 grandes pretendentes e caciques políticos do país nas duas últimas décadas: FHC, Lula, Serra e ela própria. Dilma é mais capaz de entender a necessidade de mudanças do que estes outros nomes.
O Séc. XXI, a cada década que penetrarmos, vai exigir mudanças radicais de pensamento e ação, à medida que nos depararmos com o período de escassez de recursos naturais (água, energia e alimentos) que certamente virá.
A eleição de Dilma, sem significar o desejável escancaramento de mais espaços para uma discussão mais ampla do Brasil, sem dar muitas esperanças de implementação da ampla reinvenção cultural que eu desejo, caminha, de qualquer modo, em direção a estas mudanças – ao contrário do seu oponente.
Não podemos perder o trem da história.