domingo, 9 de setembro de 2018

NÓ CEGO NAS ELEIÇÕES SUECAS

No centro da foto, o socialista STEFAN LÖFVEN,
à direita o neoliberal ULF KRISTERSSON e
à esquerda da foto, o extrema direita JIMMIE ÅKESSON
     




O partido Social Democrata sueco obteve seu pior resultado na história das eleições suecas. Até agora lidera com apenas 0,6% dos votos. Até quarta-feira dia 12 de setembro serão adicionados os votos do exterior.

 

 

 

Um resultado parcial inédito na eleição sueca aponta para um verdadeiro nó cego, um quase empate entre os dois blocos de partidos tradicionais. O que o resultado indica, sem dúvidas, é que nenhum partido obteve legitimidade para governar.

O bloco de partidos de esquerda que forma o atual governo, liderado pelos socialistas, tem uma vantagem de apenas duas cadeiras: 144 (40,6%) a 142 (40,3%). Foi o pior resultado obtido pelos socialistas em toda a história do partido, apenas 28,4%. O partido de extrema-direita SD conseguiu menos do que o esperado nas pesquisas, mesmo assim avançou 17,6%.
Como a constituição sueca diz que o novo governo tem que ser formado pela maioria do Parlamento (50,1%), existem cinco alternativas:
1) O governo socialista atual renuncia e deixa a oposição formar um governo. Na sua primeira declaração à imprensa o primeiro ministro Stefan Löfven disse que não fará isso... por enquanto. Esta possibilidade , aparentemente, parece ser a mais condizente com a tradição política sueca, que é de evitar confrontos radicais que levem a uma insegurança institucional.

2) Todos os partidos que formam um dos blocos renunciam a votar (uma espécie de voto em branco), assim o outro bloco forma um governo de minoria parlamentar com seus 40% dos votos. Foi assim em 2014, mas as chances de isso acontecer na situação atual são praticamente zero.

3) Os quatro partidos de oposição da aliança neoliberal forçam um voto de confiança, o que levaria fatalmente à dissolução do atual governo. Mas isso só aconteceria com a pegajosa ajuda do partido de extrema direita, o SD. Isto, naturalmente, teria consequências políticas graves para a aliança. Muito pouco provável que isso aconteça, mas não é impossível, à medida que o tempo passa e as tensões se acumulam.
4) Um governo formado por um pacto entre os dois blocos tradicionais. Um caminho tortuoso mas que seria o melhor para a democracia. Este é o objetivo do atual Primeiro Ministro mas o preço político disso para a aliança neoliberal seria muito pesado. Neste momento, no calor da eleição, é uma possibilidade remota.
5) Nenhum dos dois blocos aceita fazer acordo com a extrema direita, que daria maioria a um dos blocos. Se um acordo não for alcançado entre eles novas eleições serão convocadas para dezembro. A última vez que isto aconteceu foi em 1958.
O que acontecerá? Ninguém neste momento ousa prever.
O certo é que o debate eleitoral continuará, nenhum dos lados irá ceder facilmente. Pesquisas de opinião pública irão influenciar as decisões políticas durante o período de incerteza? Curiosamente, os isntitutos de pesquisas suecas, tradicionalmente, são "enganados" pelos eleitores e tem uma margem de erro de 10%.

Estamos vivendo um momento de divisão política acirrada no mundo: a era dos nós cegos.