domingo, 12 de maio de 2013

Terra-Mãe, o poético e a poesia

Terra Óvulo
Bola verde
Bola azul


Se eu cerro os meus olhos / (como faço nesta manhã ensolarada de outono) / sou bem capaz de sentir, outra vez/ o calor, o perfume, a carícia (da voz primal, maternal) /
traduzida nos cantos dos pássaros / no ruflar das asas dos ventos / no verde amarelo que engolfa este domingo de maio / E imagino-te, Terra-Mãe / no esplendor dos teus anos / jovem, sem marcas de concreto / saltitando pelo universo / soberana, límpida, serena / declamando, à revelia, pelo teu caminho lácteo, de estrelas / a poesia do dia-a-dia / e fico feliz / ainda que saiba que a descrição do poético é apenas quase-poesia / que a vida imaginada é apenas quase-vida / não obstante, ainda assim / do meu cantinho aqui no alto da serra / fazendo de conta / vivo tudo outra vez, Mãe / tudo o que foi e o que seria / se possível fosse / Mãe-Terra

Ignez. Por ela mesma. (autorretrato)