Ou seria volta ao Brasil III ?
Na verdade, nesta minha segunda grande batalha para voltar ao meu país, houve viagens esporádicas pra fora. Cheguei em julho de 2008 em Salvador com bilhete só de ida. Recebi na chegada uma fitinha do Bonfim no punho esquerdo, o do coração. Em meados de outubro de 2008 entretanto voltei para Europa à trabalho e para trazer algumas coisas. Voltei em janeiro de 2009 com o Prêmio do Interações Estéticas nas costas. Em fevereiro de 2010 fiquei 20 dias na Suécia trabalhando. Andava sob temperaturas de -14 graus levando uma garrafinha de uísque no bolso da camisa, como se fosse uma espécie de cartão de crédito (era o meu combustível). Aqui já havia descoberto o princípio de um pequeno grande amor, mas ainda não sabia. Quando soube em fevereiro de 2011 já era tarde, fui muito lento, dancei. As coisas nos trópicos tem outra velocidade. Um pouco antes, a catástrofe serrana me jogou numa das maiores crises sócio-econômica-pessoais da minha vida. Estava no habitat natural dos que duvidam de si mesmo; o que eles chamam nos EUA de “deep shit”. Fui obrigado então a voltar pra Escandinávia. Pensei que dessa vez havia definitivamente perdido a batalha. Planejei ficar lá até saber o que fazer, o que pelos meus cálculos não seria antes da chegada do inverno europeu em dezembro. O inverno, nesta altura dos acontecimentos, exerce sobre mim o efeito de repulsão dos campos magnéticos. Dia 14 de junho de 2011 fiquei sabendo que ganhei o “Novos Autores Fluminenses” da Secretaria de Estado de Cultura-RJ. Aí, voltei. Vejam só na foto o meu ar de alívio flutuando sobre a Baia de Guanabara.