Busto na entrada do Museu Luiz Gonzaga, em Caruaru-PE |
Sem ser nordestino, especialista ou praticante assíduo da música popular nordestina, sempre tive em Luiz Gonzaga uma das minhas maiores referências ou influências, das quais me utilizo para criar minhas próprias obras inspiradas na música nordestina; mesclando outras influências como o jazz, o rock, o barroco ou a música sinfônica. Hermeto Pascoal, outro compositor que é um grande pilar da música instrumental brasileira, já mesclava harmonias jazzísticas com ritmos nordestinos, desde os anos 60. O interesse aqui é semelhante: criar sonoridades que incluam o forte sabor de ancestralidade da música nordestina dentro da prática da música e da arte contemporânea.
Em uma das faixas do meu primeiro álbum autoral, o compacto duplo vinil Bons Ventos (1984), no baião-rock Estação Orbital do Cariri, inclui instrumentos típicos da música nordestina como zabumba, triângulo, viola sertaneja, com outros como guitarra elétrica e sintetizadores. No álbum Live at Montreux (2004) estão incluídos dois baiões instrumentais: a faixa introdutória Baião Tva e Baião, oitava faixa do disco, quinto movimento da Suite Brasil, Brazil, que obtiveram críticas favoráveis da imprensa especializada americana, entre eles a revista JazzTimes. Em 2002, ao ganhar o apoio do Konstnarsnamnden (Conselho de Cultura Sueco) para escrever obras para quarteto de cordas, compus Fantasia Gonzaguiana; uma peça que homenageia o compositor Luiz Gonzaga e que foi apresentada em Estocolmo pelo quarteto de cordas Harjukvartett.
Para ouvir:
FANTASIA GONZAGUIANA (2002): http://snd.sc/FQIuF1
BAIÃO TVA(1999): http://snd.sc/FQI1oz
ESTAÇÃO ORBITAL DO CARIRI(1984): http://snd.sc/yadL49
O universo artístico-cultural nordestino, do qual Luiz Gonzaga foi o maior porta-voz, está entre nossos patrimônios culturais mais preciosos. Sempre acreditei que este patrimônio pudesse (e devesse), cada vez mais, ser compartilhado e fazer parte da cultura universal, assim como outras tradições artístico-musicais. Não só através do cultivo, mas da sua tradução e (re)inauguração. Um exemplo destas traduções e reinaugurações pode ser apreciada em uma peça do flautista sueco Anders Hagberg intitulada Lek (brinquedo). Nesta peça estão mesclados elementos musicais do folclore do Norte da Suécia com os da música nordestina brasileira. Gravada ao vivo no Festival de Jazz de Montreux pelo Gui Mallon Ensemble, pode ser ouvida através deste link: LEK
Viva nosso mestre sanfoneiro!
Viva Luiz Gonzaga!
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