A des-homenagem feita à Suassuna por Nova Friburgo foi uma das páginas mais bizarras da história deste país. O teatro que deveria levar seu nome, hoje está vazio de sentidos. Vazio, e de luto. Neste poema, "Teatro Sem Nome da Praça Sem Banco", dedicado à Suassuna, ele aparece como personagem: Jagunço Fonseca. Viva Suassuna! O corpo vai, mas o legado fica.
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TEATRO SEM NOME
DA PRAÇA SEM BANCO
(Ourives do Invisível)
Ah, a democracia
que gracinha ...
morre de fome
de falar em meu nome
Na praça que deixou de ter banco
jardim, pirulito ou passarim
(porque comprada por alguém
cujo nome é Sou Quem Tem)
levantaram o dragão de aço
que cospe gente pro além
Lá pro alto do espaço
onde todos sonham
que são Deus
(ou europeus)
Uma vez morta
uma praça...
quem se importa?
Mas o povo não esquece
e levanta um teatrão
pertinho da igreja
bem ao lado do dragão
Mas o povo se esquece
que é dono do teatro
da pracinha e tudo mais
porque memória de povo é curta
pra lembrar tudo que faz
Ah, a democracia
que gracinha ...
morre de fome
de falar em meu nome
“Teatro Jagunço Fonseca”,
propôs um fala-em-meu-nome
porque Jagunço fez revolução
sem faca nem tiro,
só com lápis, papel
e um coração
“Teatro Ciclano Beltrano”
propôs um fala-em-teu-nome
Porque Ciclano, sem desdém,
era amigo dessa gente
que não é amiga de ninguém
“Teatro Sem Nome”,
propôs o artista
porque teatro é fantasia,
um faz de conta interativo
Vamos poupar a democracia
já tão traída em alto nível
e se aqui não somos nada
lá, naquele palco,
seremos ourives do invisível |
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